Pensamento computacional. Muitos pais, ao ouvirem esse conceito, têm dúvidas sobre como ele é aplicado no dia a dia dos processos de ensino e aprendizagem. Podem ocorrer, inclusive, eventuais preocupações a respeito de um excesso de imersão digital, dentro de um momento de nossa sociedade em que o contato com a tecnologia já é uma realidade praticamente constante.
De fato, a chamada corrida pela transformação digital avançou muito no Brasil e no mundo, sobretudo no contexto de pandemia. Para termos uma ideia desse cenário, uma pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV) apontou que, só em 2021, a digitalização avançou o equivalente a quatro anos em nosso país. Porém, na Escola Criem, fomos pioneiros no uso da tecnologia no dia a dia dos nossos alunos, inclusive sendo reconhecidos como “case de sucesso” devido à preparação para as aulas remotas em menos de 24h.
Diante desse panorama, é natural que os pais busquem um ponto de equilíbrio entre o contato com a tecnologia e a realização de atividades sociais, interação com colegas e propostas educativas que não dependam somente das telas, smartphones e do mundo virtual.
A boa notícia é que o pensamento computacional não se restringe à tecnologia. Na verdade, sua proposta pedagógica, se bem aplicada pelos docentes de uma instituição de ensino, irá contribuir, inclusive, para que as crianças se eduquem em prol de uma utilização mais focada, objetiva e benéfica dos recursos tecnológicos.
Mas vejamos, com mais detalhes, do que se trata, afinal de contas, o pensamento computacional. Boa leitura!
Entendendo o conceito de pensamento computacional
De modo objetivo, o pensamento computacional diz respeito a uma competência que se desenvolve nos processos de aprendizagem e tem como foco central a resolução de problemas, a partir de um entendimento lógico e algorítmico de diferentes contextos.
O termo é assim descrito porque ele parte de pilares que são próprios dos sistemas e processadores das tecnologias computacionais, mas sua aplicação é muito mais ampla.
Por meio do pensamento computacional, os estudantes poderão reforçar habilidades relacionadas ao raciocínio, à identificação de padrões em diferentes cenários de aprendizagem e, inclusive, a depurar melhor as informações com as quais eles têm contato.
Para tanto, é fundamental que os alunos se apropriem e tenham pleno conhecimento dos principais pilares do pensamento computacional:
- A decomposição: quando eles aprendem a dividir situações complexas em pequenos problemas mais simples;
- O reconhecimento de padrões: para a identificação de pontos em comum e possíveis saídas para um desafio;
- A abstração: que os auxilia a filtrar informações e se concentrar naquilo que, de fato, importa;
- E a construção de algoritmos: fórmulas e uso da lógica para a resolução de problemas.
Mundo digital X Pensamento Computacional
Em outras palavras, por mais que o processo de absorção do pensamento computacional possa se utilizar de recursos tecnológicos para o desenvolvimento dos alunos, seu conceito está ligado a uma abordagem pedagógica de aprendizagem e não somente ao uso de ferramentas. Além disso, para que a proposta seja bem-sucedida, é essencial que as escolas não restrinjam a construção desse processo às áreas da Computação ou mesmo às disciplinas matemáticas e da área de Exatas.
Na verdade, atividades relacionadas ao universo das Humanidades, Ciências Biológicas e das Artes também podem se beneficiar bastante desse modelo, ao estimular, por exemplo, a criatividade e a análise objetiva em contextos de aprendizado científico. Aqui no Criem, nós temos a disciplina de Pensamento Computacional, porém, a lógica do raciocínio é usada nas demais matérias e no desenvolvimento de projetos como o Hackathon. Inspirados no conceito, os alunos ainda realizam “atividades desplugadas”, entre elas, jogos, exercícios de lógica, atividades de construção e desconstrução etc.
Como o pensamento computacional contribui na formação dos estudantes?
Como é possível perceber, são muitos os benefícios do pensamento computacional e de sua aplicação em diferentes cenários de ensino. Não por acaso, essa competência é um dos pilares da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e visa estimular, dentre outros pontos:
- Os processos de investigação científica e análise de dados por parte dos estudantes;
- A capacidade de propor soluções criativas e adaptar ideias em diferentes linguagens;
- O autoconhecimento e a superação de desafios;
- A resolução de problemas socioculturais, a convivência e o desenvolvimento de projetos voltados para o bem comum;
- A formação de habilidades profissionais para o futuro.
Por fim, precisamos ter em mente que os recursos tecnológicos, se bem utilizados, podem, sim, trazer benefícios para o desenvolvimento humano e estarão cada vez mais presentes no mercado e na sociedade. Por meio do pensamento computacional, os alunos adquirem habilidades para filtrar esse uso da tecnologia a seu favor e para atuarem de modo positivo na sociedade como um todo – muito além das telinhas de smartphones.